MEMORIA DE INFÂNCIA


     Este memorial irá contar um pouco de como foi a minha infância e ao mesmo tempo trazer como isso influenciou e influência na pessoa que me tornei hoje e também na escolha da minha profissão. Busquei profundamente em minha memoria os fatos que me marcaram e também pedi a ajuda de pais e familiares que acompanharam meu desenvolvimento.  Essa atividade foi proposta pela disciplina de Educação Infantil I do curso de licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.
     Bom, de modo geral tive uma infância muito tranquila, apesar de algumas dificuldades encontradas. Quando meus pais descobriram que a luz da vida deles estava a caminho eram muito jovens, minha mãe tinha 18 anos e meu pai 23 anos, então nessa fase inicial foi tudo muito difícil, meu pai, que já trabalhava, passou a trabalhar muito mais, então alugaram uma casa e assim começaram a construir aos poucos as coisas, não foi fácil mas nunca faltou o principal a fé e amor, fui uma criança muito amada e recebia muito carinho de todos a minha volta, principalmente dos meus pais. Pouco tempo depois que nasci meu pai começou a trabalhar fora, ele viajava no domingo e voltava na quinta-feira e desde então é assim, foi e ainda é  a parte mais difícil da minha vida, me afetou e ainda afeta, hoje mais maduro compreendo muita coisa, mas sempre soube e sempre valorizei muito o trabalho dele, sei que faz isso não por ele, mas pela nossa família, pra poder trazer o pão pra nossa mesa, sempre fui mais fechada, nunca de falar muito, principalmente sobre esse assunto, mas sempre tive consciência, sempre valorizei demais essa garra. Minha mãe sempre muito atenciosa, tentava mediara ausência dele, sempre estando do meu lado e sempre me dizendo que ele fazia e faz tudo isso por nós, até os meus 9 anos minha mãe estava em casa dedicando todo o seu tempo boa parte a mim e ao meu irmão que nasceu quando eu tinha 6 anos, ela me acompanhou durante toda a minha fase inicial, brincava muito comigo, me ajudava nas tarefas escolares e sempre foi muito cuidadosa, lembro perfeitamente de quando meu pai estava para chegar, ela me arrumava toda bonequinha e me colocava sentadinha em uma cadeirinha na porta de casa, se arrumava e sentava-se ao meu lado e lá estávamos nós esperando pelo meu pai e eu não podia me mexer, pois era e ainda sou muito desastrada e sempre acabava me bagunçando, e não podia, pois quando meu papito (forma como chamava meu pai) chegasse, eu deveria estar impecável. E quando meu irmão nasceu era o mesmo processo, os três arrumadinhos esperando papito chegar, e é assim até hoje, infelizmente as vezes quando ele chega estamos dormindo pois já é de madrugada, mas ela ta lá sempre arrumada esperando, e a casa logicamente impecável esperando a chegada dele, e ai de quem tirar algo do lugar. Um fato marcante para minha mãe foi o meu primeiro dia de aula, ela me contou que foi comigo até a escola que era na mesma rua de nossa casa e chegando lá, ela estava empolgada e já foi preparada para ficar a tarde inteira comigo e eu cheguei para ela e disse “ Mamãe, vai casa, escola não é lugar de mãe.” Ela tem trauma até hoje! Um outro fato que me marcou, foi a escolha do meu nome, Graças ao meu querido avô Lindoval, que não se encontra mais aqui, eu tive um belo nome, pois o nome escolhido pelos meu pais não era nada bonito. Minha família sempre foi e ainda é bastante presente, meus avôs maternos e paternos participaram ativamente da minha vida, meu avô materno sofria e sofre comigo, eu sempre gostei de perturbar ele, quando eu era criança, sempre sentava no colo dele pra almoçar, geralmente nos domingos ele gosta bastante de comer frango assado, desde que eu era pequena, então eu sempre chegava no prato dele e roubava a coxa de frango, e ele achava engraçado, ele jogava moedas pela casa pra eu pegar, pois sempre que caia eu saia correndo dizendo assim “é meu, é meu, é meu”. Eu gostava bastante de brincar no quintal da casa dos meu avôs maternos, morei alguns anos lá, eu, meus pais e meu irmão, e sempre que meus primos ia para lá a agente brincava bastante, eu gostava de brincar de princesa com minha prima, nós pegávamos as capas do sofá e os lençóis da minha vó para fazermos nossos vestidos, além disso eu gostava de brincar de escolinha também, meus primos eram os alunos e eu a pró, lembro que pegava os saltos da minha mãe e usava, saia com bolsa e livros na mão, a parede da cozinha da minha vó era de cerâmica, então eu pegava hidrocores e a fazia de quadro. Tive uma infância muito divertida, vivi intensamente, eu sempre fui muito família, ainda sou muito apegada a todos. 
"No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário, no brinquedo é como se ela fosse maior do que na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento” (VYGOTSKY, 1999, p. 134-135)
Lembro-me também de quando ia visitar meus avôs paternos, eles tinham um mercadinho e eu achava um máximo, meu avô sempre me dava doces, mesmo escondido dos meus pais, minha mãe me contou que uma vez, como de costume ela me arrumou para esperarmos meu pai chegar, e nesse dia estávamos na casa dos meus avôs paternos, ela me disse que colocou um vestido branco e meu avô veio de lá e me deu um batom garoto, eu como sempre fui muito desastrada me melequei toda e ele achou um máximo, não posso dizer o mesmo da minha mãe, ela ficou bem retada e quando meu pai chegou ela estava me dando banho, meu avô era um pessoa extraordinária, ele nunca brigou comigo, ainda que eu estivesse errada ele tinha um jeito especial de dizer isso, sempre foi muito animado,  eu e todos os netos nos divertíamos muito com ele, ele adorava perturbar minha avó e a todo nós gostávamos também. Enfim eu tive uma infância muito feliz, fui e sou muito amada por todos os meus familiares e as pessoas próximas de mim, isso contribuiu demais para quem eu sou hoje, se eu não tivesse meus pais exatamente do jeito que eles são eu não seria um terço do que sou, hoje sou mulher, já digo que adulta, mas me sinto exatamente como bebê, como meu avô me chamava em pleno nos meus 19 anos, me sinto assim, uma criança perto dos meu pais, uma criança que ao mesmo tempo que quer crescer, sair de casa, não quer nada disso, quer ficar o resto da vida sendo o bebê de mamãe e papai. 

    “Se você quer ser criativo, permaneça em parte como uma criança, com a criatividade e a inventividade que caracterizam as crianças antes de serem deformadas pela sociedade adulta” Jean Piaget.
  
   Guardo em mim essa criança que relatei, a felicidade, a criatividade, e amor incondicional pela convivência em família, aos meus leitores, sugiro que guardem dentro de si mesmos uma criança que almeja de coração aberto descobrir o mundo que existe lá fora!  
                                                                                      
                                                                                                Grata pela atenção!












Comentários

  1. Que lindo relato, Karol! temos quase o mesmo nome e o mesmo amor indestrutível pela família e um cantinho especial no coração para os avós, os meus eram iguaizinhos aos seus, me vi em muitos momentos enquanto lia seu texto. parabéns!

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  2. Obrigadaaaa! como é bom achar coincidências com as pessoas que admiramos!

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  3. Quando você diz que sua infância foi divertida, traga reflexões teóricas sobre o brincar.

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  4. Que historia linda , achei muito divertida a forma que você relatou sua infância, foi muito agradável de ler, deu para sentir todo esse amor que descreve ao decorrer do texto. Parabéns!

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